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13 Reasons Why - por Ioná Nunes



Palavras. Quando lançadas ao vento, com uma força sem medida provocam uma catástrofe. Mas quem é cauteloso? Para que pensar antes de falar? Há quem diga que um conjunto delas não machuca ninguém, há quem prefira ser “honesto” de maneira grosseira a deixar de falar o que pensa. Palavras são tão poderosas quanto uma bomba nuclear, a única diferença é que a bomba nuclear destrói vidas imediatamente. As palavras, matam aos poucos, escalam cada um dos órgãos internos corroendo-os por dentro, pesam dentro do coração e lentamente te consomem. São pingos de água saindo de uma goteira, de um em um encharcam o chão, o acúmulo deles formam poças. Uma a uma, armazenam-se no interior. A dificuldade na digestão é o caminho para a autodemolição.

Quando foi a última vez que você parou e refletiu sobre as palavras saídas da sua boca? Quando foi a última vez em que realmente colocou seu cérebro para funcionar e pensou antes de falar? Quando foi a última vez que você elogiou alguém? Ou a última vez que você parou de usar as palavras como arma e ressignificou a utilização delas? Quando foi a última vez?

Hannah Baker tinha 18 anos. Sua vida havia acabado de começar. Mas desde que iniciou o ensino médio foi tocada pelas palavras da forma bruta, passando pela muda e algumas vezes, terminava na forma delicada. Hannah foi massacrada emocionalmente pelas pessoas que a cercavam. Uma combinação de palavras pérfidas com atitudes malévolas a levou ao fundo do poço. Hannah mal tinha forças para contra-atacar. Ela engoliu cada insulto, não reagiu ao ser tocada inapropriadamente. Não foram só as palavras negativas que afetaram, a falta de palavras em momentos cruciais pegou Hanna pela mão e basicamente a induziu ao suicídio (assistido?). E plateia sequer notou os sinais de que isso poderia acontecer. Frases carregadas de achismos negativos, frases interrompidas, frases não ditas, frases mal colocadas. Ponto final no lugar das reticências, vírgula substituindo o ponto final.

Diálogos que nunca aconteceram, conversas que não deveriam ter sido iniciadas… Hannah Baker era uma página em branco esperando para ser escrita, assim como são muitas pessoas mundo à fora. Mas ela acabou sendo rabiscada com insensibilidade e dor. Transformaram Hannah em rascunho e a descartaram voluntariamente. Olhe ao seu redor. Pense em todas as vezes que você se empoderou das palavras e as disseminou como ofensa. Lembre das vezes que poderia ter sido gentil e optou pelo silêncio. Reflita sobre todos os momentos em que você não soube escolher quando calar e quando falar. Cheguei a seguinte conclusão: da mesma forma que as palavras podem ser um banho de água fria, elas podem causar um incêndio incontrolável.

Eu sou um dos 13 porquês. Eu sou o motivo da tristeza, raiva ou autocrítica de alguém quando falo sem pensar. Clay, Jessica, Alex, e Justin nos representam. Nós somos eles. Somos uma sociedade de stalkers, como bem observou Hannah. Ficamos mudos verbalmente, mas ágeis no uso das mídias para difamar alguém. Somos inteligentes para descobrir segredos nas redes sociais, porém, somos desprovidos de empatia e da habilidade de usar as palavras propriamente ditas.

Se importe mais. Esteja atento aos pedidos nada silenciosos de ajuda. Seja o motivo do sorriso de alguém. Cada um sabe os tornados que carrega no peito, por isso nem toda ação pode ser chamada assim. As vezes, é uma reação a turbulência que ocorre no âmago. Simpatize! Um “como vai você?” pode fazer a diferença na vida de tantas pessoas. Sempre há um contexto por trás de qualquer situação. Ame! Pague tudo com o bem. Levante a bandeira da paz em tempo e fora de tempo, nunca se sabe quando alguém está travando uma guerra interior.

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