Os altos e baixos de Mosquitolândia - David Arnold
Em Mosquitolândia, livro de estreia de David Arnold, acompanhamos a jornada de Mary Iris Malone, ou apenas
Mim. Nossa protagonista tem
dezesseis anos e acaba de encarar a separação de seus pais e sair de Ohio para morar
no Mississipi com o pai e a madrasta. Mim acaba descobrindo que sua mãe está
doente. Impedida de se comunicar com a mãe, ela resolve colocar uma mochila nas
costas e embarcar em um ônibus para chegar a seu antigo lar. As impressões da
personagem são registradas pela mesma em um diário que na verdade reúne cartas
para alguém que descobrimos quem é somente no final da história.
Mim é uma garota cheia de
conflitos internos, mas que não perde o bom humor, mesmo passando por uma
situação difícil. David Arnold conseguiu
criar uma personagem adolescente fora dos clichês dos quais estamos cansados e
que muitas vezes nos fazem detestar os protagonistas de livros do gênero young adult. Cega de um olho e com sua maquiagem de guerra (pintura que ela faz no rosto com batom), Mim está sempre aprendendo
com as situações pelas quais passa e não tem vergonha de dizer que errou ou
mudou de ideia. Numa de suas cartas, Mim usa o espaço para suas “erratas”:
ideias que escreveu há alguns dias e depois percebeu que estava totalmente
errada a respeito. Foi muito fácil criar empatia e me identificar com a
personagem (principalmente
quando ela disse que gosta de ouvir Arcade Fire, hahaha).
Durante a viagem, Mim passa por
situações que a fazem ter novas percepções sobre a vida e as pessoas. O ponto
mais interessante do livro é conhecermos os personagens que surgem pelo caminho
durante a viagem. Desde o motorista do ônibus, a senhora que senta na poltrona
ao lado até os dois melhores amigos que Mim conhece. Todos contribuem para o
crescimento da protagonista ao longo da história e nos fazem nos apegar a todos
eles, especialmente Beck, por quem Mim tem uma queda, e Walt, um garoto de rua
com síndrome de Down. Eles são os dois maiores parceiros que acompanham nossa
viajante ao encontro de sua mãe
.
Para mim foi uma leitura rápida.
Apesar de ser uma história que flui com tranquilidade, o livro traz algumas
questões como morte, depressão e abuso sexual.
Para mim, aí reside a maior falha do autor: a falta de desenvolvimento
desses temas. Não concordo que assuntos como estupro devam ser brevemente
citados em livros sem o seu devido aprofundamento na história. É algo pesado
demais para ser um simples detalhe do enredo.
A forma como a morte de personagens em determinado momento da história é
levada com casualidade pouco tempo depois também foi um ponto que me incomodou.
A escrita de David Arnold é
bastante dinâmica e a forma como ele construiu personagens tão carismáticos me
despertou o interesse para ler as próximas obras do autor. Para quem gosta de
uma boa história de viagem e um livro com muitas lições para pensar a respeito,
Mosquitolândia é uma boa pedida.



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