José de Arimateia e seus Devaneios Eróticos
José de Arimatéia ou Guimarães Junior. É possível apresentá-lo das duas formas, mas usaremos a primeira combinação, já que agora o artista assina assim e ponto final. Aliás, a técnica mais utilizada em suas obras, opontilhismo, impede que qualquer ponto seja conclusivo.
As reticências infinitas do desenhista formam um ser aparentemente tímido. Camuflado entre os espectadores das suas criaturas, observa reações e comentários. Quando o percebemos criador, localizado entre “Pipa e Vento no Rosto” (2012) e “O Gato da Bruxa” (2011), elege-se o ponto de encontro desse diálogo.
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“Pipa e Vento no Rosto” (2012) |
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"O Gato da Bruxa” (2011) |
Ponto de Partida
Natural de Pedro II, Piauí, ou a suíça piauiense, José de Arimatéia exala, desde 2011, por meio de cerca de 30 obras - até agora -, o calor do perfeccionismo da exposição Devaneios Eróticos.
“Hoje trabalho e gosto muito de abordar a temática do erotismo. Uso bico-de-pena e nanquim na técnica do pontilhismo e faço tudo da forma mais tradicional possível por dois motivos: por opção e porque não sei mexer em nada de digital”, assume e solta um sorriso, explicando que, em sua opinião, a graça da sua arte está diretamente ligada à produção manual. Pontinho por pontinho, com calma.
O erótico proporciona aversão e estranhamento de muitos olhares. O tabu que envolve a exploração artística do corpo faz José acreditar que se o nu fosse visto como algo natural e livre, problemas como assédio e estupro seriam amenizados ou inexistentes. “Parece que as pessoas não conseguem só olhar, admirar de longe. Como se fosse necessário ter propriedade do outro, ser dono. Não há contentamento apenas com o vislumbre”, reflete.
Ponto de Luz
O ilustrador possui estímulos de criação como a Mitologia, Botânica e Zoologia. Além desses, as religiões Grega, Egípcia, Nórdica, o Cristianismo e o Hinduísmo também o influenciam. O trabalho de José é realizado através da mistura dos detalhes de elementos diferentes.
Alguns itens da obra “A Árvore de Texturas”, lembram, por exemplo, a casca de uma árvore, um cogumelo e a escama de animais. Isso porquê, de acordo com o autor, o desenho é o gabarito de uma pesquisa com origem em inúmeras substâncias dos Reinos Fungi, Animal e Vegetal.
Ademais, José de Arimatéia têm como principais referências os artistas Hieronymus Bosch, Franz Von Bayros e o cearense Darcílio Lima.
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“A Árvore de Texturas” (2015) |
Ponto de Elogio
Rogério Narciso, ilustrador e um dos criadores do Submersivo Game Studio, considera o trabalho de José de Arimatéia um dos mais potenciais no Piauí por ele usar uma linguagem totalmente universal, com temáticas que abrangem o subconsciente das pessoas. “As suas composições são tão fortes que subvertem nossas percepções de nós mesmos, em grau de subconsciente ainda. É um trabalho de profunda maestria e rebaixamento visual, com detalhamento beirando a surrealidade física. O papel, o nanquim e a caneta se somam e ultrapassam os limites da materialidade”, define.
Texto e foto: Julianna Galvão, colaboradora.
Esse artista tem um potencial assustador. Certamente 2017 vai ser um bom ano para ele, pois lançaremos nosso livro LENDAS DE PEDRO II (com ilustrações dele e textos meus, Ernâni Getirana)
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